Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Palavras. Pensamentos. Desabafos. Em prosa ou em poesia. Com a voz de um amor que se tornou líquido.
A vida. Essa dimensão que balanceia entre a magia que vai além do palpável e aquilo que somente existe através de nós.
O antagonismo que sobressai quando a pertença tida como inquestionável e duradoura, troca os pronomes possessivos pelo desvanecer num tempo imperfeito. A tenuidade do que sempre foi julgado como presente, desfeito pela imprevisibilidade que teimamos ignorar.
E então, tudo parece demasiado. Demasiado cedo. Demasiado injusto. Demasiado. Vive-se com insuficiência e atribui-se a efemeridade ao que nos surge como ilógico, inconcebível, inacreditável.
Damos em demasia ao que nos trapaceia, desconcerta ou ultrapassa. Demasiada importância, demasiado valor. Demasiado. A perplexidade consome-nos quando mais precisamos e, em nada, ela nos retribui. A vida. Perante ela não somos nada e é isso tudo o que temos. O hoje. Uma pele que se funde com a nossa essência e é na permanência que nos distrai. Da importância e da urgência dos atos que adiamos. Dos sonhos que não seguimos. Dos que amamos sem demonstrar. Do que queremos dizer mas insistimos em esperar. Porque o amanhã virá. Sempre. Um futuro que não é posto em causa, tal como o sol nunca se esquecerá de aparecer.
Até ao dia em que a certeza desmorona e a lua vive duas vezes. E tudo quanto o respetivo lugar nos era familiar, cai no abismo da escuridão, do medo, da descrença, do ser alheio a qualquer vontade. O caminho entorta, o horizonte desfigura-se e o propósito morre com a luz que se esqueceu de voltar.
O significado adoece na eternidade e a unidade que fazia adornar o rosto com o sorriso mais sincero, encolhe-se num abraço de desistência. Demasiado compreensível. Demasiado legítima. Tudo em demasia.
Morre-se antes de se morrer e essa é a pior morte. A de estar lúcido e não conseguir senão sobreviver.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.