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Palavras. Pensamentos. Desabafos. Em prosa ou em poesia. Com a voz de um amor que se tornou líquido.
Na era da tecnologia tenta-se humanizar o que nos afasta da essência, julgando ingenuamente a sua semelhança, materializando quem (se) é de verdade.
Os "likes" vieram substituir os beijos e convívios assim como os caracteres afastaram o olhar e, à distância de um bloqueio, encerram-se histórias e começos, amores e amizades. Do outro lado, ignora-se como o coração sangra numa cor diferente da do aço, ficando as dúvidas suspensas em mensagens que não chegam nunca a ser entregues.
Hoje, acredita-se na falsidade que se vende enquanto luxo, preferindo o escrito ao abraço. Procura-se o que se desconhece desejar, na tentativa, por vezes vã, de preencher um vazio que nem sempre foi nosso.
O consumo tornou-se fácil. Quer-se muito, quer-se tudo. Para ontem. Não me lembro de onde perdemos a disponibilidade para demorar a nossa atenção no outro. Para o querer conhecer realmente. Ontem, à conversa numa festa com amigos. Hoje, no passeio que combinaram dar. Amanhã, quem sabe, numa vida de partilha.
Não. Não temos tempo para o passeio, a conversa também não é do nosso interesse. E a vida? Do compromisso não queremos nem ouvir falar. Os tempos espaçados tornam-se sobrepostos, numa fúria de descoberta e experimentação que atinge todas as idades.
Virtualiza-se o encontro e o toque. Tenta-se colocar emoções e intenções em discursos mudos porque, neles, o rosto não pode falar. Se a proximidade e a rapidez trouxeram um acesso infinito a tanto que não precisamos, levaram consigo a sapiência do saber esperar.
É nesse limiar que me perco em reflexões. Nessas contradições. Porquê?
Talvez porque, como nunca antes, vivamos num tempo promissor para quem vive do que não é, porém hostil para todos os que se reinventam num mundo desprevenido para os que transbordam somente amor.
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