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O poema somos nós

por amorlíquido, em 20.07.21

O tempo guarda-se em versos

e é vida tudo o que existe nas estrofes.

Da morte nasce afinal a poesia,

ou será que por magia

o poema somos sempre nós?

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La Flor Cantante

por amorlíquido, em 30.03.21

Ella era el último pétalo caído

de una flor blanca y carnuda

perdida entre la libertad que tanta no quería

y el tiempo que nunca supo como no quererlo.

Allí

en un jardin cantante,

deteniendo la sangre de su alma

el otoño deshizo las heridas

el dolor huyó por el mundo

y aquel jazmín desnudo

se ha muerto de frío. 

(Roses or The Artists Wife in the Garden, Peder Severin Krøyer)

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Os Amantes

por amorlíquido, em 15.03.21

Há sombras que se respiram em medos que se consomem

corpos que fodem

como palavras que urgem na arte de quem se julga perdido

em suor que derrete das vírgulas,

no êxtase de aguarelas que se pintam, 

e antes que o olhar aí se perca

na noite esses dois poetas

sangram amor versos vazios.

26 Most Admired Paintings of Love in Art

(Os Amantes, 1928, René Magritte)

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Se fores vida, eu serei vontade de viver

por amorlíquido, em 11.02.21

Se fores um jardim de outono, eu serei a última pétala

se fores o coração, eu serei a seiva de cor inflamada

e se for a vermelhidão do amor, tu saberás como amar.

Se fores os olhos, eu serei as rugas que rasgam no teu sorriso

e se fores sorriso, eu serei os teus lábios. 

Se for os teus lábios, tu serás o desejo

se fores o desejo, eu serei pão torrado 

e tu a manteiga a derreter.

Se fores o vento, eu serei os teus pulmões

como tu a fúria das marés

e se fores maré, eu serei o sal do oceano

se for oceano, tu serás a areia húmida

que entranha o frio nos meus pés. 

Se fores corpo, eu serei o teu tempo

e nesse tempo não saberei como parar. 

Se fores lágrimas, eu serei o teu rosto

se fores um livro, eu serei o aroma das páginas por ler.

Se fores poesia, eu serei cada estrofe

se fores pintura, eu serei uma tela em branco

se estiver por colorir, tu serás artista

e se fores a arte, serei a lucidez de não adoecer. 

Se fores a lua quente de verão, eu serei sol de inverno

se for inverno, tu serás a chama da lareira acesa

e se fores fogo, eu serei as cinzas do dia seguinte. 

Se for noite, tu serás um copo de vinho

e se fores frutado, perder-me-ei na canção de fundo. 

Se fores música, eu serei Chopin em apogeu

mas se fores o orgasmo de um piano, então serei as quatro estações. 

Se fores o silêncio, eu serei segredo

e se for segredo, ficarei debaixo da tua pele

se fores pele desnuda, eu serei o toque

o beijo

e o abraço

se for abraço, tu serás verdade

e se for de verdade, faremos amor com todos os sentidos

porque se for sentido, tu serás vida

e eu a vontade de viver. 

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Doze

por amorlíquido, em 29.01.21

Em janeiro caía a pedra

cinzenta e perdida 

naquela rua esquecida

entre chão outonal de fevereiro.

Folha a folha, um livro colhi

na imensidão das palavras que o solo trazia

todas elas fui escrever 

para mais tarde nascer

o março no meu jardim.

Ó caríssimo amigo que já espreitavas

pelas manhãs ingénuas de charme hostil

foste tu meu companheiro

das noites a corpo inteiro

que roubava o sol de inverno

o cheiro e calor terno

amor disfarçado de abril.

Pestanejei e não ver voltei

a não ser o novo maio

que é quente e tão solteiro

brincando com o meu lamento

pedi somente ao vento

que o guardasse longe de mim.

Junho e Julho são momentos de paixão

os corpos nus sob a verdade da lua

as roupas despidas no cachecol da vida

que tropeça e arremesa

porque quando a saudade é pressa

arderá em febre o coração.

Louco agosto que desgosto

essa mania de atenção

é o suor que pinga do rosto

como um dilúvio de sofrimento

mais que o corpo em esgotamento,

sente-se a alma em aflição.

Mas que rapidez, já cá estamos!

No mês de todos os regressos

onde nos olhares ficou impresso

os lugares aos quais não voltamos

em setembro recordamos

o sabor dos mil excessos.

Entre ténues gotas da chuva 

e as de desgosto seu,

lá em outubro a água perdia o rumo

e o amor que nasceu no mar

neste mês faleceu.

Ora novembro que se aproxima

com dezembro pelo canto do olho

voltam os dedos frios

embrulhando olhos em rio

pelo verão que já passou.

No paredão vejo o degelo

que a lareira há de trazer

depois de janeiro ter deixado

fevereiro feliz e enamorado

outros dez irão conhecer

as mãos que roubam ideias

ao céu, às flores alheias

quer faça chuva ou tudo seque

juventude verde leque

nesta nossa pele deixar-se-á adoecer.

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