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Palavras. Pensamentos. Desabafos. Em prosa ou em poesia. Com a voz de um amor que se tornou líquido.
Seres que somos, tu e eu. O que é isso de sermos? E, afinal, o que tanto somos? É o espaço que ocupamos no coração de quem nos deixou ser? Será o tempo aquele que morre connosco porque é esse o único que faz de nós, nós?
Sou sem saber o quê. Tal como tu. A coisa que mais nos define. Procurei suturas em forma de sorrisos para estancar este vazio vivo e carnal que sangrava por dentro. Comecei por ser sem saber. Hoje sei que algo sou mas não sei bem o quê. Foi nessa dor que nos encontrámos, na incerteza da nossa desgraça partilhada de nos sentirmos existir sem ir além do sobreviver. Talvez, em algum momento, tenhamos amado antes de nos definirmos enquanto amantes. Talvez tenhamos mentido amar quem nos fingiu saber o que era amor. Talvez tudo isso ou coisa nenhuma. Talvez não sejamos nada. Apenas seres que são porque os corpos implicam presença palpável, porém estanques num círculo que gira em torno da vida que desejámos ter.
Tenho medo, sabes? Isso é condição para se ser alguém? Na essência, digo eu. É? Que conheces tu dessa natureza não necessariamente humana? De onde vim eu para te encontrar aqui? E para onde vamos? Vamos sendo ou temos de abdicar de ser para podermos ir? É nesses projetos extracorpóreos que nos descobrimos. A tua angústia pensante do passado abraçou-se ao meu sorriso do presente e trouxe-te comigo na viagem ao futuro. Aquele em que deixaremos de ser o que quer que seja. Lembranças apenas, recordações das vontades que não ficaram porque os sonhos sempre foram alcançados. Sonhos de ser mais que o círculo de onde não nos mexemos, pouco menos que a vida que nos conteve.
Partiremos juntos? Antes de sermos do espaço, antes de sermos gente, antes de fugirmos para onde nunca ninguém foi. Sempre fomos amores-pôr-do-sol num mundo-sem-abrigo. A lua foi o contar do nosso tempo. Antes que se apague quero que me tornes muda com os teus beijos, e que pelo caminho me desnudes a alma.
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