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Palavras. Pensamentos. Desabafos. Em prosa ou em poesia. Com a voz de um amor que se tornou líquido.
Não sei se morremos do desalento pelas nuvens que não ficam, ou se da sede que temos de que a escuridão arrefeça em dias de sol. Um tempo que cai abruptamente no limiar do que as mãos alcançam, invisível, que sob os pés recua e no céu escondido da lua, não anda nunca para trás.
Estaremos doentes num corpo que é insónia da saudade? Na taquicardia que sorri ao vulto de pensamentos, atropelados pelo amar que não se deixa adormecer. Mas o mundo, lá fora, dorme, numa profundidade que não cabe no sustento da respiração. A viagem repete-se todas as noites, horizontalidade inquieta, com medo de que, um dia, não se mova para lado nenhum. Que sucumba ao sono da fome de amor. De sofreguidão. Da sede que água não mata, ainda que o oceano acalente. Na fúria do ter em demasia ou de que o sopro de dezembro leve sem devolver. Imóvel. Como um revólver indeciso que rasga a partir de dentro. Uma gaiola onde tombam as ideias e as vontades, onde o metal que lacera as veias abre a janela do “porque não tentar?”.
Fugir do tempo que é filho do passado, do socorro que é vizinho do lado, da espera que para mim chega de esperar. Que é tarde e há sonos com receio do escuro, outros talvez com ânsia de aquiescer o ímpeto da fuga. Como sonhos de querer que a geografia se sobreponha ao cantar clássico dos melros, e de que às nuvens não as veja nunca mais.
(La Réproduction Interdite, René Magritte, 1937)
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