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Palavras. Pensamentos. Desabafos. Em prosa ou em poesia. Com a voz de um amor que se tornou líquido.
Há gostos e gostares. Há quem goste sem lhe conhecer o gosto. Há quem goste tanto como o sorriso que vive a sulcar a pele, e há gente de gostar tão pouco que, nelas, nenhum riso tem lugar.
Há gostos e gostares. Há quem diga amar quem finge saber o que é amor, porque há quem goste somente de gostar. Há gostos que sabor não têm e há quem goste mesmo sem provar.
Há gostos e gostares. Pessoas que gostam sem se gostar.
Há gostos e gostares. Pessoas que se gostam ainda que os seus gostos não se gostem.
Mas, repito, há gostos e gostares. O meu gosto é o de gostar de gostar de alguém, mesmo com o que houver para não gostar.
Não é força, é resiliência. Nunca será questão de velocidade, senão de paciência.
Porque apesar da felicidade não ser contínua,
a nossa garra deve ser constante.
Não sei
o norte que respira o sopro dos vendavais
os segredos deixados sobre a mesa
contados em sussurro
porque a lua nunca soube como falar.
Não sei
do deserto que escondes entre o bater das ondas
dos laços com que dobras o medo
num sufoco que levas ao peito
desfeito e imperfeito
com cor de quem mente o dia inteiro.
Não sei a natureza do sal que deixas correr
não sei o voar nas horas vagas
em que habitas na coragem
de pintar o sol nascer.
Não sei
e é tão triste não saber
que o sorriso é adereço
a mágoa endereço
em casas de teto sem.
Sem luz que guie
sem chão que segure
sem gente que perdure
na fúria dos amores inverno.
Não sei
e como é triste não saber.
- Pai, como fazemos para nos sentirmos menos tristes?
- Tu estás triste, filho?
- Agora não, mas como nos podemos proteger da tristeza?
- Não podes, Santiago. Nenhum de nós o pode. É como quereres proteger-te de sorrir para não o fazer. Gostavas de saber como não sorrir?
- Não, mas sorrir faz-me sentir bem e feliz. Não gosto de me sentir triste.
- A tristeza faz parte da vida, filho. Tal como as alegrias nos momentos em que só te apetece correr, saltar, brincar e, claro, sorrir. Mas para isso precisas, outras vezes, de te sentires triste, angustiado, preocupado, hesitante, confuso.
- A sério, pai? Mas eu ainda sou tão pequeno. Tenho de sentir tudo isso?
- Já o começas a sentir. Lembras-te quando o Kikas começou a ficar frágil por ser tão velhinho?
- Sim. E acabou por morrer. Chorei muito nesses dias.
- Porque choraste?
- Porque fiquei triste.
- E recordas aquele dia em que estávamos no jardim perto de casa da avó e vimos um patinho perdido, sem conseguir encontrar a mãe?
- Ai! Sim, sim, pai! Lembro-me muito bem.
- E o que aconteceu?
- Nós fomos à procura da mãe e pusemos o patinho perdido ao lado dela.
- Pois foi. E sabes uma coisa? Nesse dia, chorei eu.
- Por que razão, papá? Não ficaste contente por o patinho encontrar a sua família?
- Fiquei, muito mesmo. Mas antes de ter ficado feliz por isso, fiquei angustiado e preocupado sem saber se iríamos conseguir encontrá-la e juntá-los como assim deveria ser.
- Hã? Ficaste triste e depois contente?
- Sim.
- Pela mesma coisa?
- Claro. Como pelo Kikas, que nos proporcionou os momentos mais deliciosos e, na altura de partir, ficaram as lembranças e as saudades. Fiquei contente e depois triste. O patinho foi igual, mas ao contrário.
- Hum, acho que entendi, papá.
- Na vida, as coisas acontecem mais ou menos da mesma forma, Santiago. Os momentos tristes existem para que os felizes possam brilhar. Tens de te sentir triste em determinadas alturas, para quando voltares a ter vontade de sorrir, saibas que isso é sinónimo de bem-estar e satisfação. Não vais sorrir sempre e também a tristeza que possas vir a sentir nunca será eterna. Isso vai fazer-te crescer!
- Mas, papá, eu já sou grande!
- Não, filho, quando fores maior. Vais aprender que a vida é a coisa mais bonita que existe, mesmo que ela traga consigo algumas situações menos prazerosas e mais difíceis. Podem magoar-te, fazer-te sofrer, mas o que importa é para onde vais.
- Não vou para lado nenhum!
- Vais sim, filhote. Não importa o que passaste, as vezes que choraste, os dias em que te sentiste muito triste. Importam os sorrisos que o amanhã vai trazer. O entuasiasmo e a euforia! Precisas de estar triste de vez em quando para saber que é a sorrir que queres viver, compreendes?
- Mais ou menos, mas como tu dizes, é algo que vou aprender.
- Vais sim e eu estarei ao teu lado. Não estarás sozinho.
- Como o patinho?
- Sim, filho! Como o patinho.
Ella era el último pétalo caído
de una flor blanca y carnuda
perdida entre la libertad que tanta no quería
y el tiempo que nunca supo como no quererlo.
Allí
en un jardin cantante,
deteniendo la sangre de su alma
el otoño deshizo las heridas
el dolor huyó por el mundo
y aquel jazmín desnudo
se ha muerto de frío.
Corajosos são todos aqueles que suturam as feridas abertas com sorrisos vestidos de medo.
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