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Sessão de cinema

por amorlíquido, em 26.02.21

Hoje deixo-vos uma sugestão para ocuparem a vossa tarde do domingo que se avizinha. Para quem tiver os canais TVcines, no TVcine Emotion vai estrear o Les Miserables - The Staged Concert, às 16h55. É uma forma boa de passar a tarde em família, miúdos e graúdos, a assistirem a um dos maiores espectáculos de sempre.

Já sabem, quem não tiver oportunidade de ver, podem sempre colocar a gravar ou puxar atrás mais tarde!

Les Miserables: The All-Star Staged Concert Tickets - Musical Tickets |  London Theatre Direct

Bom fim de semana e sejam felizes 

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Malmequer

por amorlíquido, em 25.02.21

 

Foi de ti que recebi

 a pétala sem cor nem graça

de olhos cansados

e ao frio desprotegida,

em curvas de pontuação paciente.

Na penumbra de ciúmes calados

entre florestas de histórias recordação,

às luzes, as memórias e

à essência, o que ela sente,

à inveja que enamora

pelo perfeito se derrete

no que em ti pude ver,

na janela por onde entrei

mil livros derrubei

na minha pele escondida

do ser que não sabe ser,

do ser que não se sabe o que é.

Do ser que é tudo

menos ser que nunca é.

Flowers in Black and White - Annette Schreiber - Fine Art Photography

(Fotografia: Annette Schreiber)

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Obras inacabadas

por amorlíquido, em 24.02.21

sou (2).jpg

Sou uma obra inacabada
Um manuscrito por concluir
Sou metade de uma alma enjeitada
Na incessante procura por se definir

 

 

Partilho esta belíssima publicação da Olga Cardoso Pinto e deixo-vos uma breve reflexão:

Que a nossa forma de arrogância não seja a de ambicionar ter em excesso, mas perseguirmos a vontade de ser em demasia. E por isso, que a vida não nos leve antes de ser inverno, que não queremos partir sem saber a cor do nosso verão.

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O último voo

por amorlíquido, em 23.02.21

Quando a poesia do que fomos souber da vida à distância, 

mesmo que o sorriso da lua não regresse, saber-nos-emos vivos na saudade dos que nos amam.

 

wjhadjxn.jpg

(Ribeira das Naus, Lisboa, 2019)

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MeToo: as 5 lições que aprendi

por amorlíquido, em 22.02.21

Como alguns de vós puderam ler, aqui e aqui também, e porventura se terão apercebido do que se tratava, eu sofri, há muito tempo, uma situação de abuso sexual que abalroou a minha autoestima, muitas das minhas crenças e formas de estar na vida, pelo que, hoje, decidi partilhar convosco as grandes lições que eu aprendi com essa vivência, as quais me acompanham todos os dias. 

 

  1. Não é uma questão de "porquê a mim?", senão de "como é que isto fará de mim alguém melhor?": durante muitos anos deparei-me com a batalha interior de achar que era culpada por não ter sido capaz de impedir que acontecesse, sentindo uma imensa revolta e raiva por quem o fez. Daqui passei para a interrogação que me fez frequentemente duvidar de mim, do meu valor, da razão de aquilo ter ocorrido, até chegar à etapa na qual hoje me encontro - a de usar essa fragilidade e mágoa a favor da minha coragem para aceitar os desafios que a vida me coloca e nunca, mas nunca, desistir. 
  2. Não tomar o todo pelas partes: associado a um autoconceito debilitado, surgiu uma dificuldade em confiar nas pessoas de um modo geral, e em particular no sexo oposto. Foi um processo muito moroso e que muitas vezes me fechou ao mundo, aos sorrisos, à descoberta e ao conhecimento. De mim e de quem me rodeava. Estive muito tempo voltada para a minha vontade de deixar cair os braços, a minha tristeza, a minha derrota, no fundo, para mim. Senti-me uma pessoa profundamente egoísta e foi esse o grande sinal de alerta para procurar a mudança. Não generalizar é fundamental para que saiamos da clausura, fazendo desvanecer os muros que colocámos entre nós e os outros. Dar uma oportunidade, permitir aproximações. Não é fácil, no entanto é possível. 
  3. Aceitar que chorar é legítimo, mas que é na luta que reside a felicidade: libertar o que nos vai dentro da alma é natural e saudável, desde que isso não nos impeça de ver além da vista embaciada. Para mim, foram momentos importantes. Aliás, continuam a ser, seja por este ou outro motivo, encontro-me comigo e sei que dali consigo sair mais forte. Sempre foi assim? Não. Até não há muito tempo, nos altos e baixos que por vezes emergem, sentia uma inércia tremenda para deixar as lágrimas na almofada, levantar-me e usar a esperança como força motriz para continuar caminho. Agora, continuo a permitir-me ir abaixo, mas aprendi a não lá ficar. Por uns instantes tudo bem, mas quando o sal seca, é de pé que tenho de enfrentar as adversidades. Acreditar, acreditar e trabalhar dez vezes mais para sair da espiral onde não existe luz. 
  4. Calçarmos os sapatos dos outros ajuda a estarmos em paz connoscouma das maiores vitórias que tenho tido desde que deixei de olhar de maneira tão autocentrada, é a de vislumbrar o ser humano de outra forma. De o abraçar, de o sentir, de o descobrir de dentro para fora. Aquilo pelo qual passei possibilitou-me uma maior capacidade de compreensão do outro, de entender o que vê, o modo como sente, não segundo os sapatos que levo eu calçados, senão com aqueles que apenas a ele lhe pertencem. O foco transferiu-se e tal foi o propulsor para, eu mesma, conseguir olhar os problemas de outra forma, com outra garra e perseverança.  
  5. Toda a gente merece ser amadadeixei esta para último porque é algo inacabado neste percurso que aqui vos conto. Ser usada/o ou amada/o são coisas muito distintas e caí no erro de pensar, na altura adolescente, que se tinha sido usada, então é porque não merecia o amor de ninguém. Convenci-me de tal forma disso que namorar era algo impensável para mim. Se havia alguém, então seguramente que só me queria para seu proveito, como um meio para atingir o fim. Mantive-me amarrada a isto durante anos, até conseguir aplicar, na prática, o que já sabia na teoria da lição nº 2. Foram passos muito pequeninos, dados muito lentamente, mas que me fizeram chegar ao que antes era inconcebível - eu também mereço ser amada, e não só mereço como é possível que alguém o sinta verdadeiramente! 

 

A resiliência foi uma arma encontrada e o amor-próprio uma construção. Há circunstâncias na vida pelas quais todos passamos e que nos marcam, independentemente da gravidade ou violência que as caraterizam, porém da forma como nos atingem. Não escolhemos o que nos acontece, mas podemos optar pela forma como reagimos depois de acontecer. Demore o tempo que demorar, esse dia chega. O da renovação, da superação, o de guardar as cicatrizes bem guardadas - porque elas fazem parte de nós e do que somos - sem deixar que essa gaveta se abra e as feridas irrompam no direito que temos à felicidade, ao amor, ao respeito. Somos muito mais valiosos do que aquilo que pensamos ser. Não importa o que outros nos dizem ou o que os espelhos nos contam. Somos nós e cabe-nos a nós sermos mais do que a dor que nos descobriu. 

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A Montmartre de Aznavour

por amorlíquido, em 19.02.21

O charme em voz cantada. 

Votos de um bom fim de semana para todos vós!

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